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Indústria química: com as novas configurações ambientais, imagem destoa da realidade


*Por Carlos Barbeiro - Coordenador executivo de Segurança, Saúde e Meio Ambiente do COFIP ABC

Por muitos anos as indústrias carregaram o título de maiores emissoras de partículas sólidas e gases dispersos na atmosfera. Esse estigma, talvez, tenha suas origens na Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII. O movimento proporcionou o desenvolvimento das sociedades, trazendo valor e riqueza para as nações, mas em contrapartida, impulsionou o aumento das emissões atmosféricas, uma vez que as fontes de geração de energia utilizadas à época eram altamente contaminantes.

Esse título já não faz mais sentido. Estudos recentes de importantes instituições ambientais demonstram que, atualmente, as maiores fontes de emissões no Brasil estão ligadas às queimadas, à agropecuária e, em regiões como as da Grande São Paulo, à quantidade de veículos em circulação que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2006 e 2021, passou de cerca de 15 milhões para aproximadamente 31,4 milhões de veículos, com destaque para os de carga e de transporte coletivo que consomem óleo diesel.

Conforme dados divulgados pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), no ano passado, o Brasil emitiu 2,16 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE), um aumento de 9,5% quando comparado a 2019. As atividades relacionadas à mudança de uso da terra e floresta (46%) e agropecuária (27%) foram as grandes responsáveis pela maior parte das emissões atmosféricas no país, totalizando 73% do total emitido.

 

Emissões industriais

 

O setor industrial vem cumprindo o seu papel no combate às emissões atmosféricas e, de acordo com o SEEG, somente 5% do total de todas as emissões brasileiras em 2021 foram provenientes de processos industriais e uso de produtos, valor que se manteve próximo à média de emissões nos últimos dez anos.

Os estudos do SEEG destacam ainda que o setor químico apresentou forte queda nas emissões a partir de 2007. Isso significa que, mesmo com o desenvolvimento das atividades industriais nesse período, o segmento vem fazendo o seu dever de casa e cumprindo com as metas de controle e redução nas emissões atmosféricas.

A modernização e melhora dos controles ambientais e de segurança são temas e investimentos prioritários para as 16 empresas associadas ao Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do Grande ABC (COFIP ABC). Somente nos dois últimos anos, os investimentos realizados na área ambiental para reduzir os impactos ambientais estão em torno de R$ 1,5 bilhão, superando, inclusive, os recursos destinados à produção. Além dos investimentos em inovações tecnológicas, as empresas associadas ao COFIP ABC monitoram sistematicamente, dia e noite, os seus processos produtivos para diminuir possíveis impactos ambientais na região

Paralelamente a essas iniciativas e em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), novas soluções tecnológicas em equipamentos e processos têm sido implantadas pelas associadas, com destaque ainda para a evolução das leis ambientais e a rigorosa fiscalização e monitoramento por parte dos órgãos ambientais.

 

COFIC ABC

 

Outro importante estudo que complementa as informações da SEEG, referente às emissões, foi divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), também em 2022. O relatório mostra que a poluição do ar na cidade de São Paulo esteve acima do indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ao longo dos últimos 22 anos, tendo como fonte causadora a frota de veículos que circula na região. Os dados foram obtidos a partir das medições da qualidade do ar realizadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que possui uma extensa rede de monitoramento, colocando o estado paulista na vanguarda do tema em comparação aos demais estados brasileiros.

Somente na região do Polo Petroquímico do Grande ABC, localizado em uma região com alta densidade demográfica e circulação de veículos, o IBGE registrou um crescimento populacional de 1.636.740, na década de 80, para 2.825.000 em 2021. Já a frota de veículos local passou de 966.700 em 2006 para 1.878.000 em 2021. Como aproximadamente 70% das emissões de poluentes na zona metropolitana da Grande São Paulo são oriundas de veículos automotores, as indústrias associadas ao COFIP ABC implantaram uma série de ações para reduzir as emissões por fontes móveis.

Atualmente, 86,5% da frota de caminhões, próprios e contratados que atendem às empresas associadas ao COFIP ABC, são equipados com motores modernos de tecnologia de baixa emissão de poluentes e melhor eficiência energética. E, praticamente, todas possuem um plano de monitoramento ou verificação das emissões atmosféricas dos caminhões e carretas.

No caso das emissões de compostos orgânicos voláteis, com a instalação de equipamentos como membranas flutuantes e válvulas de alívio de pressão e vácuo nos tanques de armazenamento pelas indústrias associadas ao COFIP ABC, os fabricantes dessas tecnologias indicam uma redução de 80 a 90% dessas emissões em comparação com sistemas sem esses recursos tecnológicos. Já em relação ao CO2, houve uma redução em torno de 35%, entre 2019 e 2020.

Também houve uma diminuição significativa nas emissões de gases como óxidos de nitrogênio em decorrência da substituição de queimadores antigos de caldeiras e aquecedores por queimadores modernos de baixa formação desse gás. Houve ainda a substituição de caldeiras por outras de tecnologia avançada visando ainda mais a redução deste tipo de emissão. Já as emissões de óxidos de enxofre foram eliminadas com a substituição do uso de óleo combustível por gás natural, que não contém esse elemento químico e não emite material particulado por ser um combustível “limpo”.

O cenário acima mostra o quanto as indústrias estão engajadas em cada vez mais intensificar melhorias em seus processos com foco no desenvolvimento sustentável. Isso significa reduzir cada vez mais o impacto da atividade econômica ao meio ambiente e contribuir para a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade.

Para falar de futuro é necessário a busca de boas práticas de produção, com um olhar voltado para a sustentabilidade no presente e para os anos que ainda virão, em sintonia com demandas da população.


Artigo publicado no portal da Revista RMAI em 04 de outubro de 2022.

 

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