Juntos e integrados geramos mais valor
Quais
são os melhores caminhos para fortalecer a economia local? Esta pergunta foi
feita a mim recentemente e a outros gestores da região, que atuam em diferentes
segmentos industriais. Posso dizer que a resposta depende de conjunturas locais
e mundiais, uma vez que mais do que nunca os mercados estão globalizados, com
produtos e serviços na palma da mão, com um simples smartphone.
Neste
contexto, todos os diagnósticos que possam ser feitos para explicar os motivos
que levaram o ABC a uma forte desindustrialização nos últimos anos talvez não sirvam
de base para a retomada do crescimento, uma vez que grande parte das causas
externas não está sob nosso controle, porque o ambiente de negócios que gerou a
desindustrialização já não é o mesmo.
O
chamado Mundo VUCA – acrônimo que significa em tradução livre Volátil, Incerto,
Complexo e Ambíguo – representa muito bem a atualidade. Como hoje tudo muda
todo o tempo, o caos é considerado o novo
normal. Em vez de soluções lineares, surgem as soluções disruptivas, acompanhadas
de um clima de incertezas para investimentos de médio e longo prazo.
É
visível que a região dispõe de diversas forças que podem contribuir para o
fortalecimento da economia. Nota-se aqui um crescimento de universidades e
escolas de ensino técnico, que desempenham importante papel na formação da mão
de obra. Tradicionais instituições de ensino compõem um forte quadro, que
precisa ser melhor aproveitado pela indústria.
A
presença de uma instituição que congrega todos os municípios, o Consórcio
Intermunicipal Grande ABC, confere uma grande força para a criação de uma
agenda, na qual as cidades se sintam incluídas com suas pautas específicas, a
partir de planejamento estratégico industrial e comercial. Instituições de
classe também demonstram a força industrial e de serviços da região.
Os
sindicatos do ABC, sejam patronais ou de empregados, detêm grande capacidade de
influência diante de diversas categorias que desejam contribuir com o
fortalecimento da economia, bem como ganhar parte dos resultados que forem
alcançados. O capital, o emprego e a renda precisam se fixar na região para que
realmente haja desenvolvimento local.
Não
se pode considerar que a forte desindustrialização regional dos últimos anos irá,
por si só, alavancar o crescimento. Houve uma mudança do perfil local para
serviços, de forma antecipada e não planejada, com a criação de empregos com
menores salários e valores agregados. Na área de serviços, seria preciso gerar
empregos nas áreas de tecnologia e inovação, o que demandaria investimentos no
desenvolvimento de parque tecnológico e na criação de espaços próprios para essa
finalidade. Mais do que trazer novos negócios para a região, é preciso manter
os existentes.
Diante
deste cenário, o principal desafio é justamente a integração de todas essas
forças. Embora seja muito difícil, não é impossível. O ABC tem condições de realizar
essa proeza, que também guiou o planejamento estratégico do Comitê de Fomento
Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC) a partir da frase: “Juntos e
integrados geramos mais valor”.
Em
recente visita feita a um cluster
industrial europeu, pude conhecer uma instituição sem fins lucrativos e com
propósitos específicos na área química, na qual todas as forças citadas aqui
formam um grupo com interesses comuns, ligados aos interesses locais e da
Comunidade Europeia, e cada stakeholder
coloca suas opiniões sem protagonismo de nenhuma das partes. Este modelo
inspira o COFIP ABC a trabalhar na cadeia de valor da indústria petroquímica,
na qual seguramente a frase “Juntos e integrados geramos mais valor” pode, de
fato, fazer a diferença.
*Francisco Ruiz é gerente-executivo do Comitê de Fomento Industrial do Polo do
Grande ABC (COFIP ABC) |